quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A greve continua! Educadores fazem vigília e greve de fome na ALMG. Promessa de negociação foi descumprida pelo governo, que agora ameaça designados. Assembleia grita: "Fora Anastasia!"

Assembléia que decidiu, por quase unanimidade, manter a greve geral por tempo indeterminado. Havia cerca de 9 mil educadores presentes e destes, somente duas mãos levantaram pelo fim da paralisação.

Como de costume, a assembléia estava vibrante, com grande energia. Que pena que milhares de educadores que continuam em sala de aula não tenham acompanhado estes momentos, esta clareza e esta compreensão da realidade que vivemos em Minas e no Brasil.

Embora eu ainda espere alguma postura dos meus colegas de trabalho, tenho a consciência de quanto são fracos. Até na hora de brigar por sua opinião dentro da escola, pelas arbitrariedades da Direção, não o fazem ou esperam que alguém faça por eles.  E agora, quando se trata de sacrifício, corte de ponto, é que não se mobilizam mesmo. Continuam contando com os 5 professores guerreiros que estão parados. Deve ser porque o nosso salário é diferente dos outros, ou será que nascemos em alguma família abastada e estamos brincando de fazer greve só para ficar de "férias"?
Podemos sair derrotados desta guerra, mas chegarei de cabeça erguida por ter tido a dignidade de lutar pelos meus direitos e pelo que acredito, dando uma verdadeira aula de cidadania para meus alunos.

Minas Gerais passa por uma situação limite, entre a conquista de novos tempos, e o retrocesso político e social; entre a manutenção da carreira dos educadores e a conquista do piso, e a imposição do derradeiro fim da carreira dos educadores e da ruína da Educação pública; entre a vitória do sonho de um mundo melhor e a imposição da truculência, do controle das mentes por uma mídia vendida. É a luta entre a humanidade dos de baixo contra a robotização imposta pelos de cima, através da força da máquina do estado e do mercado.

Foi em nome do piso, da carreira dos educadores e de tudo quanto representa a nossa luta que os cerca de 9 mil educadores de todas as partes de Minas decidiram muito conscientemente manter a greve geral por tempo indeterminado. Mas, estamos conscientes de que o governo está jogando pesado, todas as fichas, chantageando, ameaçando, colocando seus cães e capitães do mato para ameaçar indefesos educadores isolados. Covardia dos fracos, que pousam de fortes, quando na verdade estão desesperados.

O governo de Minas e sua máquina não passam de um castelo de areia, que poderia ser derrubado com uma gargalhada apenas, ou se a categoria se unisse e junto dela, arrastasse em apoio milhares de pais, alunos, e movimentos sociais - estudantis, sindicais, etc.

Na assembléia de ontem, dezenas de apoiadores das mais diversas correntes e movimentos por lá aparecerem. Sindicalistas, estudantes, operários de várias categorias, além de deputados da oposição e líderes políticos e religiosos. Entre eles, o Frei Gilvander, que tem se tornado presença constante nas nossas assembleias, trazendo o seu apoio.

Durante a assembleia, ainda, houve a passagem dos e das valentes acorrentados/as, que se apresentaram debaixo de muitos aplausos. São muitos os grupos e pessoas e iniciativas, as mais variadas, construídas na base e também através da direção sindical, que se movimentaram nestes últimos 105 dias da nossa heroica greve.

O governante de plantão não teve, até o momento, a grandeza de negociar uma saída decente para a crise, pagando o piso que é direito constitucional. Preferiu se manter aferrado aos manuais ditados por governantes neoliberais e aplicados na gestão do seu padrinho, o senador-faraó.

Nem mesmo a nova oportunidade de negociação que o governo, através do seu líder na ALMG, prometera aos acorrentados - que de boa fé acreditaram na palavra empenhada -, fora aproveitada. Prevaleceu a mesma truculência: "não negociamos com servidores em greve". Como já dissemos aqui anteriormente, mais uma agressão à Carta Magna, que faculta aos trabalhadores o direito de greve.

A imagem do governador fica cada vez mais diminuída perante a opinião pública. Não foi à toa que durante a assembleia da categoria o grito de "Fora Anastasia" e "Fora ditador" tenha durado mais de 3 minutos, num coro que contagiou todos os milhares de educadores em greve e apoiadores.

Após a aprovação da continuidade da greve, com o informe pelo sindicato de que um recurso contrário à decisão do desembargador já fora apresentado no TJMG, a assembleia aprovou e discutiu também algumas atividades que já estão sendo colocadas em prática.

Uma delas é a vigília que grupos de educadores de todas as regiões de Minas começaram a fazer na ALMG. Serão 24 horas de vigília nas entradas e garagens daquela Casa, durante toda a semana, até a próxima assembleia, que acontece na próxima terça-feira, dia 27.

Além disso, continua a greve de fome, que foi iniciada ontem por dois diretores do sindicato: Marilda e Abdon. Outras atividades devem acontecer em todas as regiões de Minas, como assembleias, visitas às escolas, entre outras.

É verdade que vivemos momentos difíceis, como disse ontem. Tanto pelas ameaças que pairam sobre as nossas cabeças, como pela nossa realidade financeira, de total falta de recursos até mesmo para bancar a sobrevivência, com o corte dos nossos salários. Tudo isso acontecendo juntamente com o jogo pesado da mafiosa e canalha máquina que sustenta o governo, envolvendo a mídia vendida, parte do MP e da Justiça, além do legislativo dócil ao governo. Eles são poderosos e usam tal poder para defender seus próprios interesses e daqueles que patrocinam suas candidaturas ou cargos ou privilégios. Mas, nós somos a maioria, temos uma lei federal em nosso favor, embora neste surreal país as leis só funcionem em favor dos de cima. Por isso temos que fazer greve para cobrar a aplicação de uma lei federal.

Muita gente pergunta sobre o porquê do governo fazer o que vinha fazendo com a nossa categoria?
O governo quer destruir o nosso movimento, para que sirva de exemplo para todos os outros movimentos de protesto. Isso aconteceu no começo do governo do faraó aqui em Minas, padrinho do atual governante. Aconteceu também com o canalha do ex-presidente FHC, que impôs severas medidas contra os petroleiros em greve. O receituário neoliberal não convive com movimentos sociais autônomos e reivindicatórios. Eles gostam de entidades bajuladoras, que comem nas mãos deles, tal como os fascistas apregoavam em relação aos sindicatos. Uma espécie de mais um instrumento ou aparelho de dominação sobre os de baixo, como acontece com a mídia, com o judiciário, com o legislativo, com procurador da justiça, etc.

Para este governo, ter um movimento independente, fortemente organizado pela base, é tudo o que ele não deseja. Por isso, ele tudo fará para nos destruir. A prática deste governo é a de apostar na nossa divisão, promovendo pequenas vantagens para alguns segmentos, como direções de escola, que são depois chamadas a nos perseguir.

Mas, além da questão política, tem a questão econômica. O piso salarial nacional custa para o governo pelo menos mais R$ 2 bilhões por ano em relação ao subsídio. É dinheiro nosso, garantido por lei, que o governo quer confiscar para repassar para outros setores aos quais ele dá maior prioridade: empreiteiros de obras faraônicas, que depois financiam suas candidaturas; banqueiros, contratação de cabos eleitorais, salários de marajás da alta cúpula dos três poderes, etc. Entre construir estradas e estádios de futebol e pagar melhor aos educadores, não há dúvida que o governo prefere a primeira opção.

Portanto, caberá aos 400 mil educadores, principalmente aos 260 mil que se encontram na ativa, decidirem sobre o nosso presente e o nosso futuro. Não cabe somente a este blog, ou à direção sindical, ou mesmo aos guerreiros de linha de frente do NDG decidirem o que devemos fazer. Cabe a todos nós decidirmos se aceitaremos a derrota que o governo tenta nos impor, a destruição da nossa carreira com o projeto de lei do governo; a sonegação do nosso piso salarial, que é lei federal; a usurpação da democracia e da autonomia nas escolas e na sociedade; a inexistência da possibilidade de uma educação pública de qualidade e de uma perspectiva de carreira valorizada para nós, educadores.

Todos nós somos responsáveis pelo tipo de sociedade que vivemos, pelo tipo de escola que temos, pelo tipo de carreira que queremos e pelos salários que recebemos. Se acharmos que devemos nos contentar com aquilo que o governo e sua máquina estão nos impondo, então devemos voltar para as escolas, resignados, e pronto. Ao contrário, se acharmos que ainda somos capazes de lutar, de encontrar forças para convencer os nossos colegas e alunos e pais de alunos de que é preciso resistir e construir um forte movimento em prol do pagamento do nosso piso e da salvação da nossa carreira, então devemos manter a greve, fortalecê-la e pressionar este governo, até a nossa vitória.


Nada poderá destruir aquilo que adquirimos verdadeiramente nas nossas melhores batalhas.

Um forte abraço a todos, um beijo no coração de cada valente educador e educadora que teve e tem a coragem de enfrentar a máquina de destruir seres humanos materializada no diabólico governo de Minas Gerais e seus aliados.

P.S. O piso nacional dos educadores já tem novo índice de reajuste para janeiro de 2012: 16,68%, e novo valor: R$ 1.384,00. E que Minas Gerais e Paraná foram incluídos entre os dez estados mais pobres que recebem ajuda federal para complementar as verbas do FUNDEB. Ou seja, em relação ao piso, Minas, além da pobreza espiritual dos governantes e seus aliados, continua na ilegalidade.

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